sábado, 19 de julho de 2014

Prove que você não é um robô

Já tentei não sentir. Tentei não sentir ciúmes daquela olhada para a moça ruiva que passava do outro lado da calçada enquanto tomávamos café em alguma rua no centro. Tentei não sentir frio quando te emprestei minha blusa, enquanto esperávamos o ônibus, de madrugada. Tentei não sentir raiva quando você chegava 30, 40, 50 minutos atrasada. Tentei não sentir medo de te perder quando nós brigávamos e você ia embora com raiva. Tentei não sentir sono enquanto te esperava dormir. Tentei não sentir saudade quando ficava mais de 2 segundos sem te ver.

E falhei miseravelmente em todas as vezes. Ainda bem.

Sentir não é algo manual, onde você tem um controle remoto que vai alternando as opções. Também não é algo programado, você não é um robô. Talvez seja a coisa automática mais linda que existe. E, se eu pudesse escolher não sentir, sentiria. Porque o que eu sinto é o que me faz suportar os olhares que não são pra mim, o frio, os atrasos, o medo. Menos a saudade, pois não há sentir sem senti-la.